© pedro portugal

Para Platão, a arte é uma imitação de uma imitação. Para Plínio, uma sombra de um sonho.

A cidade, na teoria de Gordon Childe, pressupõe metalurgia, mas a metalurgia que pressupõe não é metalurgia ao serviço do “racional” “domínio sobre a natureza”, nem sequer ao serviço da guerra, mas a metalurgia ao serviço do compíscuo (e sagrado) consumo.

Os monumentos de cada cidade são herdados por cada geração como a ascese das realizações dos seus antepassados. Não são, no entanto, uma “oferta grátis da história”, mas uma dívida que tem de se pagar com mais acumulação de monumentos...

As novas cidades desenhadas ou sonhadas pelos arquitectos reflectem a psicologia agressiva masculina de revolta contra os princípios femininos da dependência e da natureza — política, erecção e imortalidade oblige.

Como Solness no “Master Builder” de Ibsen, o arquitecto-artista (que fuma três maços por dia) imola-se para endeusar o seu edifício e garantir a sua presença na história.

Depois da guerra em África (1962-1974) os ex-combatentes mutilados pelas minas, construíram centenas de monumentos famosos feitos com os milhares de fósforos que usaram para acender os seus cigarros.

Esta maquete do Pavilhão de Portugal (Expo’98, Lisboa) é uma metáfora e um totem sobre a  maternal e ultramarina aventura colonial Portuguesa.